Nino Deixou Saudades

Nino Deixou Saudades

O pêlo incrivelmente macio fazia de Nino o gato mais bonito do lugar!
Quando chegou à nova morada, a dona da casa bem como as crianças acolheram-no ainda filhote com a maior alegria.
O pai a princípio não gostou muito da idéia – imagine um gato dentro de casa!
Mas de tanto a família fazer, às vezes, de advogados de Nino, o pai não só concordou, como com transcorrer dos dias se afeiçoou ao felino.
Era tudo o que Nino mais desejava!
Uma família acolhedora, ração fresquinha, água trocada todos os dias, uma cama aconchegante e muitos brinquedos para se distrair!
Saia para os passeios diários, e quando a família retornava lá estava ele todo dengoso a miar em busca do aconchego.
Marta a sua dona tinha tanto carinho e cuidado que vivia fazendo preces para São Francisquinho – protetor dos animais, para que cuidasse de Nino.

E não é que ele atendia!

Nino se tornara saudável, bem humorado, sereno, brincalhão , conquistando dia a dia a família.
Feliz pelo carinho recebido, saia na janela pelas frestas via a Lua e as estrelas.
Ouvia dizer que Deus morava no céu; que era cheio de estrelas; que havia Lua em várias fases diferentes.
Nino adorava quando via a Lua grandona prateando as árvores e as calçadas.
Gato inteligente!

- Então daqui eu posso ver a morada de Deus – pensou!

Certo de que Deus poderia ouví-lo, todas as noites pedia a proteção para aqueles que tanto amava.
E não é que Deus ouvia!

A família sempre unida, solidária, saudável e muito feliz!
E Nino quando não estava ao lado deles. quieto como todo gato gosta de ficar, se esbaldava nos muitos colos prontos para lhe dar carinho.

Certa noite Dona Marta so
nhou com São Francisquinho.
Nele o protetor dos animais dizia que precisava de um ajudante bondoso, inteligente, amigo e muito carinhoso; que havia procurado em vários lugares um animal com o perfil assim, mais que somente Nino reunira todas as qualidades!
Como se estivesse falando ao vivo, o Frei Franciscano – esta é a Ordem que pertence São Francisquinho, explicou para Marta que precisaria levar Nino.
Sem dar tempo para a resposta, beijou suavemente sua testa para em seguida desaparecer por entre lindas nuvens azuis.

Marta acordou apreensiva e meio confusa com o sonho.

Quando caiu em si começou a chorar só de medo de perder Nino.
Ta certo que a causa era nobre!
Depois, ninguém poderia negar um pedido para São Francisquinho.
Quando despertou completo, pensou:

- Foi só um sonho.

Que alívio!

Seguiu para a cozinha, pois seria mais um dia de trabalho.
Nem precisou chamar Nino, lá estava ele esperando por Marta e os demais membros da família para o café da manhã.

Foi só um sonho....

Alguns dias passaram, Nino se mostrou amuado.
As vacinas em ordem, a alimentação correta, o que seria?
Não deu tempo para pensar, mesmo assistido por veterinários Nino saiu do mundo terreno sem tempo de a família dizer uma vez mais o quanto o amava, (só que ele sabia de tudo e sentia este amor!).

Passado mais de um ano, a dor da partida de Nino passeia no coração dos que tiveram a alegria de conviver com o felino amável.

Boas lembranças mescladas com a saudade que dói.

Mais quem disse que Nino morreu???

- De forma alguma!


Ele foi levado por São Francisquinho para ser o seu braço direito na defesa dos outros animais.

E pensa que ele se esqueceu da família?

De jeito nenhum!

Fez um trato com o santo:

- Precisa de um tempo para matar a saudade.

Por ser um assistente disciplinado e bondoso foi prontamente atendido.

Assim diariamente tem pelo menos cinco minutinhos para recordar a querida família, momento em que ele faz uma prece pedindo proteção para todos.

E não é que Deus escuta!


E hoje, bem mais rápido – Nino vive entre a Lua grandona e as estrelas, na nuvem de São Francisquinho – fala direto com Deus!

E não é que ele atende!


(Ana Stoppa)

 

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